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Fiéis defuntos: o som do silêncio


Eu sinto medo de morrer, não tenho como negar essa grande fragilidade em mim, embora pense esperá-la com serenidade.

Carrego em meu coração todos os meus entes queridos que já se foram, e, diariamente, os apresento em minhas orações, pedindo para que Deus lhe conceda a consolação no lugar onde se encontram.

Sou grato a Deus por nesse dia de finados, me permitir construir, através de sua misericórdia, uma oportunidade de indulgências plenárias para eles (uma porta para o céu), pois, como disse Santo Afonso de Ligório, a alma do falecido é tão frágil que não consegue nem mais pedir por si mesma.

É um estado de silêncio absoluto, que, para nós, que ainda estamos integrados a um corpo, se revela como profunda escuridão, capaz de perceber a alma
Créditos: Pixabay-Arcaion
seguir como caminheiros, para a passagem, na travessia das dimensões das fronteiras que estruturam o universo e o além do universo (1Sm 28,15).

Nessa escuridão, como a consciência do coma, de tão leve, a alma flutua no universo movida pelo viático, na forma de impulsos de energias, que foram construídas antes da morte, pelos seus atos de bondade ou maldade (Mt 6,22-23), que agora, são as únicas substâncias da essência da alma que a compõe como ser imaterial, isto é, o acervo de suas obras.

Depois do último suspiro do corpo, ao expirar, há o mergulho na escuridão, cujo viático de luz, conforta a alma com o doce som do silêncio que canta: hello darkness, my old friend, i've come to talk with you again – olá escuridão,minha velha amiga, vim conversar com você novamente (Simon & Garfunkel, 1964 - Sound of Silence), ao passo que sem ele, desfalecida e faminta de luz, espera pelas orações de seus benfeitores, deste universo ou de além deste universo, cuja rouquidão de sua vontade só pode ser entendida como: urgência….urgência….. me levem para a U.T.I. pois estou gravemente enfermo, tende piedade de mim: das profundezas eu clamo a vós Senhor, escutai a minha vós, se olhardes os meus pecados, quem poderá subsistir (Sl 129, 1.3)?

Neste dia, ofereça a luz ao ente querido, não apenas como flores no túmulo, mas como uma revigorante refeição de luz.

Senhor, confio em tua misericórdia, que zela para que nenhuma alma se perca.
Amém!

Comentários

  1. Nossa, impressionante, não tinha este entendimento e quando citou a musica de Simon, fiquei arrepiado...rs..

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