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No ano do Laicato, o desafio de ser leigo ou permanecer homem


A igreja celebra no ano litúrgico 2017-2018, o Ano do Laicato, sob o tema “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino”, e o lema: “Sal da Terra e Luz do Mundo” (Mt 5,13-14).
Aproveitando esta oportunidade, busca-se compreender as relações de Deus com a humanidade no mundo globalizado, que neste trabalho pode ser dividida em duas, a primeira, nas relações entre os homens, depois, na relação entre os leigos, isto é, daqueles fiéis que seguem o caminho da Verdade de Deus.

Da relação dos homens

A relação dos homens, se dá sem o reconhecimento de Deus no caminho da história humana, se desenvolvendo sob os fundamentos das teorias criadas pelo próprio homem, ao mesmo tempo, renunciando a religião ou a crença, abandonando-se a fé, tornando-se doente pela apostasia:
Pode-se ignorar a doença profunda e tão grave que, neste momento muito mais do que no passado, trabalha a sociedade humana, e que, agravando-se dia a dia e corroendo-a até à medula, arrasta-a à sua ruína? Essa doença, Veneráveis Irmãos, vós a conheceis, e é, para com Deus, o abandono e a apostasia (PIO X, 1903, § 3).
O homem, com base em suas teorias, isto é, no que ele diz ser a verdade criada por ele mesmo, contradiz a Verdade única, desvirtuando a Teoria das Incertezas, para que, como cizânia, ele possa confundir a Verdade, ao afirmar que cada um tem a sua verdade, ou ainda, que a verdade de ontem não é a verdade de hoje, e já não servirá para o amanhã, construindo heresias que matam a vida humana, o ambiente e os animais.
Créditos Wikimedia-Pixabay
No entanto, a Teoria da Incertezas, revela a Verdade Única e nela se mantém firme, renovando-se sobre os princípios da dinâmica da vida, que a termodinânimca chamou de entropia, e a Igreja chama de ressurreição, mas, seja qual for a denominação, o fato é que a renovação da vida não nega a Verdade de ontem, hoje e sempre.

Os efeitos da prática de vida do homem sem Deus, se vê no egoísmo exarcebado, na corrupção, na destruição do ambiente, na exterminação das espécies, na prevalência da morte e violência, da morte pelos suicídios, das doenças da mente e do coração (em espírito), da covardia, do roubo e da apropriação indébita, da cobiça pelos bens, da cobiça pela mulher ou homem já comprometidos na ordem conjugal, da perversão sexual, com profundo desrespeito pelo corpo, abandonando-se e renegando-se a castidade.

Essa é a realidade do presente, o mundo sofrendo da grave doença da apostasia até a medula, mas, para Deus cuja face não pode ser vista pelo homem sob pena dele morrer (Ex 33,20), se mostra no passado, pois, estas coisas para  que sejam dignas de se acreditar, Deus a anunciou antes que acontecessem (Lc 13,19), há 115 anos, por meio de seu servo o Papa PIO X, que anunciava sob profunda aflição: “Nós experimentávamos uma espécie de terror em considerar as condições funestas da humanidade na hora presente” (Ibid.).

Da relação dos leigos

Por sua vez, a relação dos leigos nesse mundo presente, em meio a tantas violências, mortes, corrupções, covardias, agressões, cobiças e ciúmes, se funda na restauração da Vida, trazendo em seu coração os fundamentos da Verdade que se resumem na convivência por três valores insculpidos em seu coração: do Amor de Deus pelo homem, pela defesa da Vida e do respeito pela Dignidade da pessoa:
A Igreja, perscrutando assiduamente o mistério da Redenção, descobre com assombro incessante este valor, e sente-se chamada a anunciar aos homens de todos os tempos este « evangelho », fonte de esperança invencível e de alegria verdadeira para cada época da história. O Evangelho do amor de Deus pelo homem, o Evangelho da dignidade da pessoa e o Evangelho da vida são um único e indivisível Evangelho (JOÃO PAULO, II, 1995, § 2).
O leigo vivendo firmemente o Evangelho na Pedra Angular, cuja haste é a vida, e os dois ângulos de 90 graus que dela são formados, um é o fundamento do amor, e o outro, o fundamento da dignidade, não é o que muda o mundo, mas o que o santifica, pois, através de sua vivência, coloca nas mãos de Jesus e do Pai a oblação da amizade, para que seja feita a vontade de Deus, aqui na terra como nos céus, seja feita a vontade de Deus, como projeto de amor, dignidade e amizade entre Ele e o homem.
O leigo que fundamenta sua vida neste Evangelho, não vê Jesus e Deus como algo de sua imaginação, ou como uma entidade superior distante, cheia de poderes especiais como um super-homem, um homem de ferro, ou, o poderoso Thor, mas, vê Jesus e Deus como parte de si próprio: "Não sou eu quem vivo, mas Cristo que vive em mim" (Gl 2,20), e a sua existência é sustentada pelo sopro da vida, cuja a Verdade do Evangelho, é o seu sustento, é também a luz para a sua caminhada, lâmpada para os seus pés (Sl 119/118, 105).
Por isso, o leigo, mesmo diante de tantas nuvens escuras, sente a segurança em suas mãos: "Ó Senhor, sois minha herança e minha taça, meu destino está seguro em vossas mãos" (Sl 15,5), pois, tem a certeza de que o curso da vida não está nas mãos dos homens, mas sim, na força do Espírito Santo, pela sabedoria da Verdade que é Jesus, e na graça de Deus Pai, Amém!
No seu coração, o leigo, não se preocupa em mudar as coisas, não deseja que o mundo mude conforme sua vontade, pois não lhe cabe julgar as atitudes dos homens, mas, conserva em seu coração, o amor por Deus, que tudo sabe, que tudo pode, e saberá dar boas coisas aos seus filhos, porque tem como intecessor Jesus, seu Filho únigênito:
Por isso, é que eu lhes digo: não fiquem preocupados com a vida, com o que comer; nem com o corpo, com o que vestir. Afinal, a vida não vale mais do que a comida? E o corpo não vale mais do que a roupa? Olhem os pássaros do céu: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, o Pai que está no céu os alimenta. Sera que vocês não vale mais do que os pássaros (Mt 6,25-26)?
O leigo nestes tempos é chamado a não orar para Deus pedindo para ele resolver seus problemas, para ele curar uma doença, para ele acabar com uma guerra, para ele lhe dar dinheiro ou resolver suas finanças (Lc 10,41), pois, Jesus lhe perguntaria: acaso fui nomeado juiz para dividir bens entre vocês (Lc 12,14)?
O leigo é desafiado para orar para permanecer em comunhão com Deus (Mt 6,33), assim, como fez Maria, que escolheu a melhor parte (Lc 10,42), guardando em seu coração, a certeza de que é Deus quem cuida dele, e não suas preocupações, pois recebe a sua bênção (Sl 128/127, 5), e tudo lhe correrá bem (Sl 128/127, 2), e, toda a sua fé se resume portanto, em: amar a Deus sobre todas as coisas, e amar ao próximo com Jesus o amou e continua até agora, a lhe amar (Jo 15,12).
Ao alcançar as coisas do alto (Cl 3,1-2), o leigo é convidado a permanecer no amor de seu Senhor, "permanei no meu amor" (Jo 15,9), e a alegria estará nele (Jo 15, 11).
Quando o coração ama a Deus e ao próximo (cf. Mt 22, 36-40), quando isto é a sua verdadeira intenção e não palavras vazias, então esse coração é puro e pode ver a Deus. São Paulo lembra, em pleno hino da caridade, que «vemos como num espelho, de maneira confusa» (1 Cor 13, 12), mas, à medida que reinar verdadeiramente o amor, tornar-nos-emos capazes de ver «face a face» (1 Cor 13, 12). Jesus promete que as pessoas de coração puro «verão a Deus». 
Manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor: isto é santidade (FRANCISCO, § 86).
 

Guardai Deus no teu coração, velai pelo teu coração, amai a Deus sobre todas as coisas, permanecei no amor, permanecei em Deus e cante esse amor.


REFERÊNCIAS

PAPA FRANCISCO. Exortação Apostólica Gaudete et exsultate: sobre a chamada à santidade no mundo atual. 
PAPA JOÃO PAULO, II. Carta Encíclica Evangelium Vitae.
PAPA PIO X, Carta Encíclica E Supremi Apostolatus, sobre a restauração de tudo em Cristo.

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