O
propósito desse artigo e abordar a confusão criada pelos
contra-testemunhos de santidade diante dos escândalos de crimes
sexuais praticados por religiosos nos templos, que tem abalado a fé das pessoas
e nas instituições religiosas.
E
comum nos depararmos nesses dias atuais, com notícias
estarrecedoras de abusos sexuais praticados por religiosos de todas
as religiões, pastores protestantes, padres, gurus, rabinos, e, a
mais recente, as barbáries do médium João de Deus, em Goiás, e,
com isso, num primeiro momento, julgar que a religião é uma farsa.
Usamos aqui o termo religiosos para identificar a ligação do
criminoso com a liderança religiosas, que nas Escrituras são chamado de falsos profetas, e, não como aquele que se
consagrou a Deus.
Essas
práticas de abusos sexuais nos templos, se revelam estarrecedoras,
pois, não se limitam ao fato do abuso em si, mas, mostram o covarde
oportunismo do religioso atacando o fiel, no momento em que ele
deposita no seu guia espiritual toda a confiança, entregando o seu
corpo e sua alma, toda a sua fé, e, haveria crime maior do que
aquele que abusou da fé de quem nele confiou?
Que
dor terrível experimentaram as vítimas que depositaram a sua fé,
cuja graça esperada sofreu a interferência de lobos que se
transvestiam de cordeiro, fizeram a misericórdia de Deus,
prisioneira dos egoísmos, das vaidades, das cobiças desses falsos
profetas que dilaceraram a Verdade, e matam no coração das pessoas,
a Fé em um Deus que é Santo e Justo.
Esse
quadro provoca em muitas pessoas confusões, como se a religião que
preza a santidade, pertencesse a figura do criminoso, e diante da
bestialidade humana nas práticas dos abusos dele, a sensação que
fica, é de que tudo não passa de uma enganação, e a santidade de
Deus é manipulável de acordo com os interesses do líder religioso.
Isso
não é verdade, se olharmos do lado religioso, poderíamos dizer que
isso é exatamente o que a astuta serpente quer fazer os homens
acreditarem, ou seja, que Deus nada mais seria do que uma fantasia
humana, totalmente manipulável pelo homem na figura do religioso,
que escreve o que é conveniente, prega o que é conveniente, e cria
rituais que lhes são convenientes.
Para
não ser confundido nesse
sofisma, é preciso compreender
a figura da Igreja no mundo. A Igreja cuja estrutura está na pedra
angular de Cristo, acolhe em si, os pecadores, portanto cheio de
homens, mulheres, e, até crianças, constituídas de pecado, como
pode se
ver nas Palavras de Jesus,
quando lhe apresentaram uma mulher que tinha praticado crimes
sexuais, e Ele perguntou aos que a acusavam: “quem
dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma
pedra” (Jo
8,7).
No
contexto das barbáries praticadas pelos religiosos nos
templos,
devemos compreender com as Palavras de Jesus, que a Igreja, como
mãe
acolhedora de pecadores, não se revelará como um
codex
de
santidade,
isto
é, como um código enumerado de preceitos que todos os fiéis devam
literalmente e obrigatoriamente seguir e já se tornarem santos, e, muito menos,
seriam os religiosos
e sacerdotes,
pois
eles
também são pecadores, como diz a Escritura: “Aarão oferecerá o
bezerro do sacrifício pelo seu próprio pecado ( Lv 16,11).
Portanto,
é uma ilusão, ou, uma confusão na fé, dirigir o olhar para dentro
da Igreja com o propósito de identificar santos dentro dela, será
uma grande decepção, pois, a santidade não é perceptível pelos
olhos, mas pela fé, pois, ao se confiar nos olhos ao invés da fé,
muitos santos foram condenados como criminosos, como o próprio Jesus
foi, e, muitos criminosos exaltados como santos.
Há
também, por
exemplo, que mesmo
alcançando grande sabedoria, Salomão foi pecador, ou,
ainda,
que diante de uma amizade profunda, capaz de constituir a promessa de
aliança eterna com Deus, foram pecadores Davi e Abrahão, portanto,
na Igreja não se vê santos, se vê pecadores, por isso, diante do
grave peso do pecado nos ombros dos homens, a celebração
eucarística na promessa de Jesus, vem conceder a paz ao pecador ao dizer:
“Eu
vos deixo a paz, Eu vos dou a minha paz, não olheis os nossos
pecados, mas, a fé que anima a vossa Igreja, dai-lhe segundo o vosso
desejo a paz e a unidade. Vós que sois Deus com o Pai e o Espírito
Santo”.
Não
devemos olhar os pecados, mas a fé, porque, por nossas próprias
forças não somos capazes de ter a dignidade do Cordeiro, isto é,
de ser como aquele que foi fiel ao Pai em tudo, e fez a sua vontade
mesmo diante da própria morte, não somos capazes de sair da
condição de pecador pois, “se
dizemos que nunca pecamos, estaremos afirmando que Deus é mentiroso,
e a sua palavra não estará em nós” (1Jo
1,10).
Porque,
ainda que pecadores, quando fazemos a sua vontade, podemos ser
amigos de Deus, e, pela prática da fé nessa amizade, somos
justificados por Deus, ou seja, aquela
santidade que não conseguimos alcançar pela infidelidade natural a
Deus, presos ao pecado, é compensada pela fé na forma de
justificação: “se reconhecemos os nossos pecados, Deus, que é
fiel e justo, perdoará nossos pecados e nos purificará de toda
injustiça” (1Jo 1,9), como fez com Abrahão e Davi: “de fato, o
que diz a Escritura? ‘Abraão teve fé em Deus, e isso lhe foi
creditado como justiça’. É desse modo que Davi proclama feliz o
homem a quem Deus credita a justiça, independente das obras:
‘Felizes
aqueles cujas ofensas foram perdoadas e cujos pecados foram cobertos.
Feliz
o homem a quem o Senhor não leva em conta o pecado’” (Rm
4,3.6-8).
Assim,
o modelo de santidade não deve servir como parâmetro para se
avaliar a responsabilidade de Deus na
Igreja ou religião
pela
conduta daqueles religiosos que causaram e continuam a causar
escândalos com crimes sexuais nos templos, seja lá de que religião
for, pois, senão,
seríamos enganados na afirmação
que crer em Deus é uma ilusão, uma vez que é o homem que está no
lugar de Deus beneficiando-se dos sacrifícios dos fiéis, usurpando
a Verdade, matando a fé no coração das pessoas.
Devemos
ter bem claro em nosso coração que a Igreja e feita por pecadores,
e há aqueles que são amigos de Deus, que também são justificados
pela fé, pois o justo viverá pela fé (Hb 10,38), e há aqueles que
não são amigos de Deus porque não fazem a sua vontade.
No
caso desses religiosos perversos que abusam da fé daqueles que
buscam Deus através deles,
são pecadores inimigos de Deus, lobos em pele de cordeiro:
“Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro
são lobos ferozes” (Mt
7,15),
que para estes tempos, Jesus os chamou de falsos profetas: “porque
muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Messias’. E
enganarão muita gente. Vão
surgir muitos falsos profetas, que enganarão muita gente (Mt
24, 5.11).
Por
isso, difamar
as religiões, como se Deus fosse apenas uma fantasia humana sob o
pretextos de que os religiosos são
criminosos,
é
uma falsa verdade, de um coração que
se tornou insensível
e se deixou cair na armadilha da indiferença: “tomai cuidado para
que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da
embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de
repente sobre vós; pois esse dia cairá como uma armadilha sobre
todos os habitantes de toda a terra” (Lc 21, 34-35).
Permanecei
firmes pois as ilusões são capazes de enganar até aqueles que são
escolhidos por Deus, “ficai
atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar a
tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do
Homem” (Lc
21,36).
Portanto,
não olhais e julgais os atos maus de violação do Sagrado, olhai a
Verdade que previu esses fatos como advertência feita por Jesus Cristo, quando Ele estava
sob a condição do homem na Terra, e nela permanecei firmes, mantendo a amizade com Deus a fazer sua vontade.
Não podemos dizer que estamos vivendo o fim do mundo, mas, muitos sinais nos são dados nestes tempos, para que possamos testemunhar que o Poderoso faz em nós maravilhas, e "acolhe Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido aos nossos pais, em favor de Abrahão e de seus filhos para sempre" (Lc 1,49.54-55). Exulte de alegria, pois, o Senhor cumpriu suas promessas.
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