A
música Pela Paz dos Titãs tem um trecho do refrão sobre a paz, que
diz assim: “e você? Acredita ou não? E então, o que você faz
pela Paz?” Muitos cantam sem perceber o sentido desse texto, mas
ele quer dizer mais ou menos que, se você acredita na paz, por que
não
toma uma atitude pela paz, ao invés de só pronunciar a palavra
paz? Em outras palavras, o apelo a paz é uma letra morta, pois,
todos dizem querer a paz, todos dizem ser a paz importante, mas
ninguém faz nada pela paz.
Este
fenômeno é chamado de deserto, pois a palavra como gotas de chuvas
que cai na terra não frutifica, como sementes plantadas, não
produzem frutos, e normalmente, essa postura de ação, atitude,
exige firmeza do homem, por isso, ela é fortemente rejeitada, porque
o homem quer as soluções fáceis, e, não tem ânimo, não tem
alento para revestir-se da palavra, e elas se tornam secas, áridas
como num deserto, como dizia João Batista: "eu sou a voz que clama
no deserto (Jo 1,23a), clama para pessoas que ouvem mas não escutam o aplainar
os caminhos (Jo 1,23b), e, ignoram a riqueza da semente, a doçura da graça, a
promessa de vida, tudo é ouvido, mas nada é escutado, e a semente
produz apenas alguns frutos.
Até
onde a declaração de amor por mim, me desperta alguma
sensibilidade, e me move a caminhar numa resposta ao declarante? Ou
será que ela é uma palavra morta? Será que ouço mas não escuto?
Será que as palavras são em mim um deserto?
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