Inicio esse trabalho fazendo uma
homenagem a Isabel Jungk, que na graça de seu domínio na
Semiótica, me apresentou o termo neófito, quando estudávamos junto
a Semiótica Aplicada, pois estava e estou, muito além da Semiótica
avançada de Santaella e Nöth, e, na sutileza dessa apresentação que aliviou em mim o
peso da complexidade do tema, ajudou-me a me encantar cada vez pela
Semiótica, e isso veio a se repetir em nossos trabalhos com
Gilbert Simondon, The dark side of the media de Richard
Grusin, e, nas publicações atuais que ela nos tem compartilhado.
Consciente da minha limitação nessa Ciência, me animo pelo fato de que o pouco que aprendi é muito bem aproveitado, ao qual peço licença falar um pouco sobre a identidade obscura do semiólogo.
A Semiótica atual, é como uma
semente de uma árvore que está sempre brotando mas não florece, pois, parece-nos
não se tornar uma planta, e, seus frutos não tem aparência, isto
porque a estrutura de sua compreensão prende-se a uma mecânica que
exige uma concentração tão árdua do seu estudo, que todo o tempo
do estudioso é despendido a compreender a nuances da estética da
estrutura semiótica como universo isolado de um geek ou nerd delimitado pelas fronteiras de suas fórmulas, e nada e dedicado a sua prática, como se fosse
uma herança dos seus desenvolvedores que vivem debruçados sobres os
Papers de Peirce
tentando decifrá-los sem
compreendê-los, e assim, a semiótica embora germinando, não
cresce.
Nesse contexto, o seu perfil é de
algo que balança de um lado, balança de outro, mas não define um
lado, de forma que até mesmo a identidade do semiólogo parece estar
em uma penumbra, a final, qual a utilidade do semiólogo para os
tempos presentes? Escrever códigos, analisar as estruturas de
linguagens para fins de compilá-las para os códigos binários da
inteligência artificial?
A Semiótica é mais do que isso, os
mistérios de Peirce são muito mais do que o linguagem de códigos
binários, mesmo nos sendo impressionantes, ao ponto do termo
semiólogo parecer servir mais para camuflar alguém em uma zona
cinzenta entre a linguística, cibernética e marketing,
quando na verdade, a sua identidade se alinha ao perfil de um
estruturador dos fenômenos
comunicativos, tornando o processo cognoscível ou, mais
universalmente falando, tornando o processo interativo, capaz
de interpretar a linguagem do sol com a vitamina D, a linguagem dos
tempos com as estações dos pássaros, a linguagem das estrelas no
colapso da Astronomia que se vê humilhada pela ausência de explicação
sobre os fast radios bursts (FRB)1,
tudo isso são linguagens, e
linguagens estruturadas através da Semíotica, que por sua vez se
comunicam através do processo interativo.
Créditos Ellen26/Pixabay |
Mas,
o semiólogo ao
contrário da Semiótica que é revelada em todo lugar, parece estar
escondido, e a aplicação das estruturas dos fenômenos estruturais
de comunicação desenvolvida por ele, parecem só circundar o
universo abstrato, e os frutos de seus trabalhos não põem a cara
para fora da terra, e, permanecem como pequenos brotos que não se
desenvolvem, ou árvores estéreis.
O
semiólogo tem papel fundamental nos tempos presentes diante da
complexidade das relações diárias e da mobilidade de ambiente, cuja
demanda social o chama para estruturar uma comunicação que permita
a interação do homem com o ambiente para lhe criar os sentidos, possibilitando-o a ser capaz
de reconhecer em si a percepção do ambiente, e a partir daí
desenvolver suas estratégias de ação e reação dentro de um mundo
caótico.
É
preciso sair do casulo, a Semiótica não surgiu na sociedade para
permanecer em um plano secundário ou abstrato, ela precisa assumir a
sua identidade e atender as reais necessidades que a sociedade
espera, é preciso sair da zona de conforto, da mesmice, do abstrato,
do virtual, e mergulhar na dinâmica da Vida, da realidade.
Como
fruto de minha experiência com a Semiótica, na
aplicação dos fenômenos estruturais da linguagem,
deixo aqui um singelo trabalho que foi
produzido nesta Páscoa Cristã,
como
aplicação
estrutural dos fenômenos de linguagem capaz
de gera interação,
que tem
como objetivo criar no homem uma percepção da realidade presente
nos dias de hoje, chamado
de “A
era Antropoceno: o homem como senhor da Terra”, ao
qual encerro esse trabalho, deixando o meu convite para uma
degustação da experiência Semiótica e a mística de Peirce.
1LUCIO
FILHO, Laurentino. A
linguagem cristã nos sinais de Rádio - FRB (Fast Radio Bursts).
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