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A transcendência da amizade


Acreditar em Deus é acreditar no que não se vê, pois a bondade, justiça e amor se revela pela glória e não pelos olhos: “continuei insistindo na visão noturna” (Dn 7,13a); “e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho de homem” (Dn 7,13b), e, acreditar no que não se vê, são dois passos que concentram em uma perna a fé, e na outra, a coragem, pois, na caminhada do crescimento de nossa vida, muitas vezes temos fé, mas, junto com
ela temos medo: “E da nuvem uma voz dizia: 'Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!' Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra” (Mt 13, 5b-6).
Na perna da fé, está o ânimo, a determinação, na perna da coragem, a decisão, a realização. E, um exemplo disso, que é trazido com sabedoria para os homens, é o de Abrahão, apresentado aos cristãos como o Pai da Fé, ou Pai daqueles que acreditam (Rm 4,11b).
Mas, ao se falar de Abrahão, não se tem como proposta neste texto, apenas apresentar um modelo de homem justo para que seja imitado, ou, a de contar a história de um homem que se deu bem na vida, mas, apresentar principalmente, as consequências da coragem e da fé, duas virtudes tão frágeis nos dias das altas tecnologias, em que os homens ao invés de acreditar e seguir com fé na Verdade, tendem a se iludir pelas telas brilhantes e se perder nos propósitos.
Até onde caminhou um homem cujas pernas se moviam na direita pela fé, e na esquerda pela coragem? Munido do ânimo de Deus, que também é chamado de Graça, com Ele firmou um uma amizade e se despediu da Cidade de Ur, casa de seus pais, e foi para um lugar sem rumo, que não se sabia para onde, sob a promessa de um lugar que Deus lhe mostraria. Teve fé, pois acreditou na promessa, e teve coragem porque venceu seus medos do desconhecido e não permaneceu parado.
Do nada, passou a construir uma família, que esperava ser formada por pai, mãe, e filhos, mas ele já era velho, e sua mulher estéril, no entanto, a amizade com Deus lhe mantinha o ânimo, e nessa Graça uma promessa lhe era sustentada, a de ser pai de nações. Ele acredtiou no que para os homens parece impossível, e teve coragem, venceu seus medos do desconhecidos que matam a alma pela desesperança.
Dele nasceu uma família, que formou um clã, Israel, onde todos eram famílias, todos eram irmãos, contudo, as distâncias do tempo, esfriaram a amizade entre Deus e o membros deste clã, ao ponto de causarem divisões, brigas entre si, mas, Deus não esqueceu da promessa da sua amizade a Abrahão, e Ele próprio apareceu no meio do seu povo, sob o manto da fé e coragem de uma mulher, Maria, para resgatar esta unidade familiar, reunindo novamente um só povo.
Mas a amizade entre Deus e o homem é vivenciada pelo coração, não é vista pelos olhos: “treva e nuvem o rodeiam no seu trono, que se apóia na justiça e no direito” (Sl 96,2), assim, não se apresenta compreensivel na visão, mas revelada ao coração: “fazeis bem em ter diante dos olhos, como lâmpada que brilha em lugar escuro, até clarear o dia e levantar-se a estrela da manhã em vossos corações” (1Pd 1,19b), a grandeza de uma amizade que é celebrada entre a grandeza Suprema de justiça, misericórdia e perdão: “as montanhas se derretem como cera ante a face do Senhor de toda a terra; e assim proclama o céu sua justiça, todos os povos podem ver a sua glória” (Sl 96, 5,-6), e a fragilidade daquele que se compõe na miséria do barro da terra.
Uma amizade que se brinda com o vinho em chamas: “Deus é Rei! Exulte a terra de alegria, e as ilhas numerosas rejubilem” (Sl 96,1), pois seu calor constrói a vida: derramava-se aí um rio de fogo que nascia diante dele” (Dn 7,10a), e em laços de ternura e gratidão se abraçam e se fundem num Reino de Amor indestrutível: Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá” (Dn 7,14).
O calor da amizade no Amor, transcende as nuvens que ocultam os mistérios divinos e revelam a luz da vida: “e foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz” (Mt 17,2).

A fé é vida.





Músicas para a celebração do 18º Domingo do Tempo Comum
Canto de Entrada: Então da nuvem luminosa
Ato Penintencial: Senhor que viestes salvar.
Apresentação das oferendas: Vou te oferecer a vida
Canto de Comunhão: Pai de amor aqui estamos
Final: Santa mãe Maria.

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