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Falta do dinheiro:cuidados contra o infarto e depressão


1.1 A conjuntura do agora

Os efeitos da pandemia vivenciado nos tempos presentes além de provocar a batalha nas linhas medicinais, nos faz enfrentar outro grande desafio, o comprometimento dos recursos financeiros. Há muitas famílias neste momento que estão sem sustento, muitos negócios estão a beira do abismo, nos deixando apreensivos e angustiados, porque sem dinheiro, a sensação que dá é a de que “não conseguimos respirar”, como se vê no dilema registrado pela Associação de Lojistas de Shoppings de Minas Gerais:

Até o momento, segundo França, já foram fechadas de forma definitiva ou estão em processo de encerramento 1,5 mil lojas e demitidos 10 mil trabalhadores nos shoppings de Minas Gerais.
Estamos muito preocupados com a situação. Os lojistas estão sem faturamento e os custos fixos são elevados. Além disso, o crédito disponibilizado para capital de giro não chega ao empreendedor. Os bancos, devido ao receio de inadimplência, estão com muitas exigências e juros altos para o período’” (VALVERDE, 2020)[1].

1.2 A necessidade de coragem para o momento

Muitos estudos trazidos pela pesquisa sobre o Coronavírus já apontaram que entre os seus efeitos destrutivos, está também o comprometimento do sistema cardíaco, e não há dúvida que a falta de dinheiro é um desses efeitos indiretos, pois provoca profundo estresse no homem, que por consequência pode levar ao infarto:

O estresse é a capacidade natural do indivíduo para reagir às situações de perigo, preparando-se para enfrentar ou fugir, sendo assim, fundamental para a sobrevivência humana .Sob tensão, o organismo libera hormônios, como a adrenalina, que alertam o sistema nervoso sobre o perigo causando uma perturbação na estabilidade do organismo.

A adrenalina provoca o aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial que pode acarretar, dependendo da intensidade, até mesmo um ataque cardíaco ou um colapso nervoso.
O estresse, atualmente, é considerado um fator de risco cardiovascular porque pode elevar, além da pressão arterial, também os níveis de colesterol no sangue e estimular hábitos nocivos à saúde como fumar e cometer excessos alimentares” (MEN, 2009, p.34)[2].

Se considerarmos os perigos da falta de dinheiro como o efeito natural do estresse, e que o abismo seria o fugir ao passo que a superação seria o enfrentar, parece que começamos a encontrar os primeiros fios da meada, ao definirmos uma linha de conduta, pois, ao aliviarmos o estresse, isso nos livra de outro mal, a falta de saídas, que culmina na depressão, pois, a falta de saída nos empurra para um looping como se fossemos um cachorro correndo atrás do próprio rabo, e ai, perdemos as habilidades de dar soluções pelos efeitos da depressão, que consome todas as nossas forças físicas e psíquicas.

Assim, se já foi dado um primeiro passo, o segundo parece mais obscuro, pois, o estresse sendo uma reação natural ao perigo, criando o vislumbre do fugir ou enfrentar, por sua vez, o Coronavírus parece ter tirado a opção do homem de fugir, pois, sem dinheiro não há como fugir, ainda que tentasse se esconder debaixo dos alicerces de sua casa ou edifício, nestes momentos de confinamento, assim como o tempo que não para, a sensação é que ele nos empurra para algum lugar, a impiedades dos algozes, nossos credores, cabendo a cada um de nós definir, se escolhe o abismo ou a superação.

1.3 As ferramentas e estratégias para o momento

Em um momento de grande dificuldade, especialmente pela falta de dinheiro, em que tudo parece ser nebuloso ou escuridão, é necessário ter certeza de duas coisas, a primeira é: eu não desistirei do meu sonho”, pois, o sonho de cada um é a vida, continuar respirando.

E, a segunda é: ter coerência com a realidade” pois, qualquer vacilação para o enganar-se a si mesmo, é um passo para o abismo, assim, a paz e a alegria deve ser a mesma, seja sob os ventos favoráveis, sejam verdadeiros tornados gigantescos, pois, os conflitos povoam nosso mundo e nossa mente, e somos chamados para nos tornarmos como semente da paz, diante de um mundo de discórdia (TESTA, 2000, p. 18)[3].

1.4 As estratégia de enfrentamento

Se o caminho é o de se ter coerência com a realidade, a primeira coisa a se encarar de forma coerente é que as coisas não estão sob o controle pessoal de cada um, mas faz parte de uma eco pandêmico, e a solução não será dada por apenas um herói.

A segunda coisa a encarar é que não há uma unidade entre as pessoas para que haja um consenso sobre a melhor solução, pois, os conflitos povoam nosso mundo e nossa mente.

A terceira razão de coerência é ter a coragem de reconhecer-se frágil, indefeso, e incapaz de dar uma solução por si mesmo, pois, somente ao chegar nesse mergulho profundo, é que se começará a dar o primeiro passo de superação, pois, formará, em si a consciência de que o dinheiro não é a solução, pois as fontes secaram.

A quarta razão de coerência é a de que, se me vejo de mãos atadas, incapaz de resolver as coisas, tudo fora do controle próprio, diante de algozes em um mundo de discórdia, em que o que se testemunha são choro, gritos, covardia e violência, eu acredito em Deus, pois, só Ele, e, ninguém poderá salvar o meu sonho de viver nessa hora.

1.5 Lições para superar as barreiras intransponíveis

Se decidimos enfrentar com coerência os perigos que ameaçam o nosso sonho de se viver, e, acreditamos em Deus, devemos confiar nessa escuridão que Ele nos estende o seu braço, para esta hora de choro, dor e lamentação, em que parece que tudo nos foi tirado, e ficamos indefesos, sem qualquer qualquer forma de nos defender por nós mesmos dos impiedosos algozes, que se vendo também em desespero, se tornaram ainda mais impiedosos, ao ponto da vida já não ser importante, e diante do grito black live matter, na verdade o que testemunhamos é black and white lives no matter.

Mas nosso confiar dever ser cuidadoso para não haver vacilo, pois a todo a hora tropeçamos em nossa incoerência, como vimos nas lágrimas alheias, pois na indiferença das pessoas, as lágrimas são emprestadas do sofrimento alheio para as notas de desculpas de erros de polícia, ou de governo, e, até mesmo das igrejas.

Dentro da coerência pois, esse clamor não são palavras dirigidas contra as autoridades, mas, demonstração da verdade com isenção, em que se constata lágrimas alheias por não conter a comoção do coração, permanecendo apenas nos lábios, por isso, sem atos concretos, tornando o pedido de desculpas apenas uma oração de palavras vazias, cujo eco que comungamos no dia de hoje é um choro de luto materno a dizer: se fosse comigo, eu não teria direito à fiança, ou da vítima de homicídio covarde que diz: mãe, não consigo respirar.

Ninguém poderá negar a justiça da nossa cota diária de indignação. Imersos como estamos no caos, na crise, na degradação, em qualquer sinônimo crítico que agrade ao leitor, nada parece mais razoável do que indignar-se, a cada noite, madrugada adentro, a cada manhã. Mas há um tipo peculiar de indignação, minoritário talvez, que sempre me provoca uma mescla de incompreensão e sobressalto: a indignação pela falta de indignação, a revolta de uns contra o silêncio conivente que acometeria a todos os outros” (FUKS, 2020)[4].

A coerência nesta hora é o do ser sal, e não o de se orar a distância chorando com lágrimas alheias, sob o pretexto do isolamento, mascarando-se com a indiferença conveniente, mas é o de se estar junto, e testemunhar que o teu sonho de viver está se realizando, não por suas mãos próprias, mas pelo braço de Deus.

Pois, se temos a coerência de acreditar em Deus, devemos testemunhar que Deus não é mentiroso em nossas aflições, e Jesus não nos ensinou errado, ao trazer na liturgia deste sábado, 06 de junho, que uma viúva absolutamente incapaz, e indefesa de se auto sustentar ofereceu tudo o que tinha, isto é, todo o seu dinheiro, acreditou no braço do Senhor em seu favor para o seu sonho de viver, e não se iludiu com a falsa esperança de que estaria segura com o dinheiro necessário á sua própria subsistência.

Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todo só outros que ofereçam esmolas. Todos deram do que tinha de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver (Mc 12, 43-44).

Talvez uns poderiam dizer, mas isto é falta de prudência, Deus é só espírito e não deve se misturar com meus negócios, mas não estariam sendo coerentes consigos mesmos, e não se manteriam na paz que Deus , pois estariam negando o testemunho a Ele, como o do louvor do dia de hoje trazido pela liturgia quando proclama:

14Eu, porém, sempre em vós confiarei, *
sempre mais aumentarei vosso louvor!
15aMinha boca anunciará todos os dias *
15bvossa justiça e vossas graças incontáveis
(Sl 70, 14-15).

A paz não estaria em mim, e sem a certeza do braço forte de Deus em meu favor, estaria proferindo apenas palavras com a minha boca, fingindo louvá-Lo, na mesma hipocrisia daqueles que choram com lágrimas alheias, fazendo seu pedido de perdão sem a comoção do coração, mas apenas pelos lábios.

Não desista do teu sonho de viver, acredite na vida, pois, a viúva diante de toda a sua fragilidade, acreditou que a vida vem de Deus, por isso, o dinheiro virá a nós, mas não pela inteligência ou mãos próprias de cada um, mas pelo
atendimento ao chamado para aquele que se diz acreditar em Deus que nos é feito nesta hora “fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5), isto é, fazei como fez a viúva, que reconheceu que a vida vem de Deus e não do dinheiro, pois o dinheiro não é salvação, nem justificação da fé como querem nos fazer acreditar os hipócritas, acredite e poderá testemunhar a justiça das incontáveis graças do braço de Deus (Sl 70, 15b), Ele não decepciona que nele põe sua fé.

Parece ser um mergulho no escuro, mas é porque Deus está sempre entre as nuvens, visto que diante de nossa indignidade, não podemos vê-Lo face a face, por isso, é um mergulho nas água profundas, seguro e coerente, pois, com Deus lhe será dado a paz e a vida que o mundo não tem, e testemunhará a força do Seu braço forte:

8Vosso louvor é transbordante de meus lábios, *
cantam eles vossa glória o dia inteiro.
9Não me deixeis quando chegar minha velhice, *
não me falteis quando faltarem minhas forças! (Sl 70, 8-9).

Ao passo que na fuga, sem o dinheiro seremos alcançado pelos impiedosos algozes a matar pelo infarto ou depressão, que, sem Deus, já não é nem mais a morte, mas a segunda morte (Ap 20,14).

Portanto, vença o estresse sem fugir, mas, enfrentando, na certeza de que, embora você não esteja no controle agora, e esteja por algum tempo sem direito, você não foi abandonado, e há um braço forte ao teu favor, basta apenas acolhê-lo no coração, e não apenas nos lábios, eguei a cabeça, continue o teu trabalho e você certamente dará o testemunho da graça de Deus, como na sua promessa nos testemunhada por Paulo:

Alegrai-vos sempre no Senhor, repito: alegrai-vos. Vossa bondade seja conhecida de todos os homens. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada. Em todas as circunstâncias apresentari a Dues as vossas necessidades em oração e súblicas, acompanhadas de ação de graças. E a paz de Deus, que ultrapassa toda a compreensão, haverá de guardar vossos corações e pensamentos em Cristo Jesus" (Fl 4,4-7): 

Referências

[1] VALVERDE, Michele. Lojas de Shopping fazem 10 mil demissões em MG. In Diarío do Comercio – 15/05/2020. Disponível em https://diariodocomercio.com.br/economia/lojas-de-shoppings-fazem-10-mil-demissoes-em-mg/. Acesso em 06 jun. 2020.
[2] MEN, Mirian Jardim. Doenças cardiovasculares: prevenir é fundamental – PDE/Universidade Estadual de Maringá - PR. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2342-6.pdf. Acesso em 06 jun. 2020.
[3] TESTA, Hélcio Vicente, C.SS.R. Bom dia, Espírito Santo:orações da manhã. Aparecida – SP: Santuário, 2000.

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